2.28.2009

Uma visitinha à FAP

Ainda estive vai/não vai para me baldar à edição deste ano da Feira, só mesmo o desejo de ver uns grelos para me obrigar a pôr aqui as patas. Para quem nunca deu uma passeata por estas paragens, basta conceber um espaço repleto de pavilhões todos alinhadinhos ao longo de diversas avenidas de terra batida. Claro, há sempre abundância de merda para distrair o pessoal… concertos, colóquios, espaço para isto, espaço para aquilo… os habituais parasitas destas ocasiões, tal como vendedores de farturas, bifanas e de artefactos da treta, enfim, uma feira como mandam as regras. Poupo-vos a grandes pormenores nesse capítulo, cinjamo-nos ao essencial da coisa, aos stands e à maralha que os pulula, isso sim, assunto que pode ter a sua graça. Logo para começar, deparo-me com o stand da ACOCBI, a associação de cegos do olho do cu da beira interior. Não está mal concebido, apenas algo excessivamente austero, no meu entender. Mesmo à frente dos glóbulos oculares, tenho um poster com um olho de cu sobreposto por um óculo de fundo de garrafão, tipo “Mr. Magoo”, tendo sido impresso por baixo o dístico “nem assim vê”, um qualquer apelo miserabilista visando a compaixão do Estado, apelando à sua generosidade. Parece-me algo despropositado pretender surripiar o guito dos contribuintes com recurso a tamanho argumento e, sem pestanejar, mandei chamar a velha que por ali estava; aproxima-se, macambúzia, de crachá espetado na t-shirt, um olho do cu peludo encimado por “ACOCBI”, tudo a negro naquela de despertar a comiseração alheia, detesto estes filhos da puta. Disse-lhe que somos todos cegos do olho do cu, que não entendo a razão para a existência de uma associação relativa ao tema. A velha era desembaraçada, não se deixou ficar: logo replicou que tal facto era tão só a razão para todos se inscreverem na associação e lutarem pelos seus direitos. Para tal, informou-me, bastava o BI e o pagamento de uma jóia no valor de 10euros; em troca, oferecer-me-ia uma merda feita de madeira, um pau com umas garras numa das extremidades, “ideal para coçar e afagar o cego”- garantiu-me. Retorqui que era muito raro padecer de comichão no olho do cu e que, quando tal sucedia, recorria com eficácia aos dedos e respectivas unhas. Ainda insistiu, a cabra, queria mesmo impingir-me aquela bosta, veio com o argumento da higiene com o fito de me converter ao pau. Ainda pensei em mandá-la enfiar o pau pelo cego adentro, que a puta bem me pareceu necessitar de um pouco de alegria da sua vida; mas não, limitei-me a ignorá-la e pus-me em marcha para outras bandas menos lúgubres. Há stands para todos os gostos e feitios, não há associação que se preze que não se faça representar na FAP; acontece que, como em todas as feiras, quase tudo é merda sem interesse, já se sabe. Uns quantos metros mais à frente, avisto um velho de aspecto caduco a bater alegremente uma punheta, uma mão no caralho e outra acenando uma embalagem de viagra. É espectáculo bem concorrido, venho-me forçado a desbravar terreno de forma a dar uma espreitadela à performance do indivíduo. Não passa disso mesmo, não tem nada de mais, apenas um velho a esgalhar o bicho com um certo ar de quem percebe mais do assunto do que qualquer outro. Ainda pensei tratar-se de um qualquer tarado afectado por problemas mentais profundos, pago pela organização da feira com o fito de entreter o pessoal, ou até mesmo uma manobra publicitária da empresa que vende aqueles tesões em forma de comprimidos. Estava enganado, não me apercebi que me encontrava às portas da APCRG, a associação de punheteiros compulsivos da região centro. Gente jovem e do género masculino, na sua maioria. Vejo magotes de idiotas em fila indiana, com ares de quem aguarda ansiosamente a chegada de um qualquer momento importante. Só agora notei, está um gajo qualquer sentado a uma mesa a autografar livros que suponho serem da sua autoria, um tal intitulado de “a arte de bem bater uma punheta”, em cuja capa figura o idiota com ar de guru, a masturbar-se num baloiço de parque infantil. Ainda me senti tentado a dar 20euros (preço de não-sócios) por um livreco auspicioso, “a mão esquerda para destros”, não vá, um belo dia, dar-se o caso de lesionar a direita e ter-me que me contentar com a desajeitada esquerda, que não dá uma para a caixa. É muito dinheiro, mesmo assim, não sou gajo de espatifar euros por dá cá aquela palha; e caguei no assunto. Estes gajos trabalham bem, publicam com fartura, há literatura que nunca mais acaba, até mesmo a merda de uma compilação de poesia alusiva ao tema, com participações de punheteiros/poetas de toda a parte. Não sou grande adepto de poesia, quanto muito compraria o livro naquela de oferecer pelo natal a algum familiar mais próximo. Reparei também que estavam abertas as inscrições para um workshop promovido pela associação, 100 euros para desenvolver técnicas de punhetagem. Não me parece muito racional esbanjar o guito em tal evento, uma vez que, ainda há pouco, no stand da AFNDB (associação de freiras ninfomaníacas da diocese de braga) me pediram apenas 25euros pelo esgalhar da minha picha, acrescido a isso o facto do pacote ainda ter incluído uma fatia de bolo conventual. Estava muito bom, foram notas bem investidas! O soalho do stand está exageradamente peganhento, estes pacóvios besuntam-no de esporra de uma forma impiedosa, são gente desagradável de se co-habitar. Além do mais, praticamente não vi por aqui nenhuma gaja de jeito e isso acaba sempre por me entediar ao fim de pouco tempo; vislumbro apenas duas cabras com ar de porcas a darem aos dedos lado a lado num colchão insuflável, um espectáculo pobre que pouco me cativou. Foi o mote para desandar dali e ir arejar para outras partes, passando ao largo da APPPSS, a associação de paneleiros passivos da paróquia de são Sebastião, já que não aprecio o ar daquela gentalha, uma triste mistura de paneleiros servis com look de beatos filhos da mamã. Dei com um dos cabrões a galar a minha pessoa e isso não me agrada nada… e mais fodido fico agora que me ocorreu pensar na séria possibilidade do paneleiro ir concentrar a vista na minha peida, mal eu lhe vire as costas. Pelo sim/pelo não, prossegui a marcha com um manguito apontado para as traseiras, naquela de manifestar repúdio, há que pôr estes merdas nos eixos. Foi assim que me senti duplamente aliviado por ter finalmente encontrado a barraca da ABBP, a associação de bocas de broche de Portugal, da qual sou sócio nº 8500, número certo. Sai-me uma beca cara, a brincadeira; porém, sem nunca terem falhado, enviam todos os meses para a minha morada uma revista e umas carteiras de cromos que me entretenho a coleccionar (já só me faltam 22 bocas de broche para completar a caderneta!). A revista é ok, muito à base de trabalhos fotográficos com a melhor boca de broche do mês, naquele género de fotografia profissional estilo kitch; têm muito pouco texto e assim nunca me aborreço de as ver, além de que sempre vão entretendo o pessoal que me visita, nas muitas vezes em que não há assunto para falar. Claro, é bom referir que tenho por aqui uma namoradita, uma chavala dos seus 25 anos, melhor boca de broche do mês de Janeiro do ano passado. Eis que a encontro… beijo na boca a dar para o demorado, pois gosto que a populaça me veja nestas circunstâncias. Deu-me um trabalhão dar-lhe a volta, foi assunto só ao alcance de um pro como eu, modéstia à parte. Creio que foi boa aposta nunca elogiar a sua boca, tendo em conta que não há imbecil que não se lembre de tal banalidade. Fez-me referência a isso, foi algo que valorizou, claro está. Levei tão longe essa estratégia que teve que ser a gaja a tomar a iniciativa de me fazer um broche, que não havia maneira de eu lhe pedir. Um broche da miss boca de broche do mês de Janeiro de 2008… estava em pulgas para despachar a coisa e ir a correr gabar-me para junto do pessoal meu amigo e conhecido e afins. De início, não acreditaram, os merdas, obrigaram-me a aldrabar um pretexto para levar a gaja a um daqueles jantares só de gajos, a troco de lhe ter fodido a noite. Depois, perante a confirmação, passei a ser ainda mais considerado e choveram as pancadinhas nas costas, tornaram-se pouco mais do que sorridentes lacaios. Não tenho muita paciência para estar com a gaja em público, não tenho nada para lhe dizer e fala pelos cotovelos; em privado ainda posso calar-lhe a boca com a piça, menos mal… mas em público, fora o prestige que me confere… é triste, nunca lhe consegui tirar proveito por aí além. Vir ao stand da ABBP tem sempre o seu quê, o grelo daqui tem umas boquinhas engraçadas, fazem-me sempre sentir estar num qualquer outro planeta; mas lá acabei por alegar que tinha prometido visitar a minha avó no stand da AVCL, a associação de velhas corujas da Lusitânia, uma treta como outra qualquer que a gaja comeu sem refilar, já não suportava mais ouvi-la tagarelar e vê-la a besuntar os lábios com aquelas pequenas pichas feitas de creme para o cieiro, merdas que esta gente consome que é um disparate. Acelerei a passada, não fosse a gaja ainda se lembrar de dizer mais alguma coisa (o que já aconteceu); não disse e uns metros mais à frente pude finalmente respirar de alívio, mesmo ao lado de uma tal ACMC, a associação de coleccionadoras de mochos de cristal, um bando de quarentonas com ar de casadas há muito, todo o stand cheira a enfado. Uma das cabras gala-me discretamente, tá tudo dito quanto à razão de ser desta merda de associação; a cabra nem é má, limpava-lhe o pó- acontece que gastei mais tempo do que estava programado gastar com a minha boquinha de broche, tenho que me despachar, ainda há muito para ver. Ora nem mais, um must a see, a ACS- associação das cabras de Satanás; não há muito para ver, nem é essa a ideia… dá-me simplesmente gozo a forma como estas porcas fixam o olhar delas no meu, olhar dominador e implacável, armadas em putas machas. Deixo-me ficar, nunca desviei o olhar, as cabras sabem bem quem é que manda ali, estou certo que me adoram; claro, não espero que o venham a admitir, já que é precisamente por isso que são cabras. Ainda gozei com a merda do livro em destaque, só para as foder um pouco mais; “Abre as pernas a Satanás!”, intitulava-se, vejam só. Nem me dei ao trabalho de folhear tamanha merda, limitei-me a gozar em grande estilo com a capa, o mafarrico na eminência de montar à canzana uma cabra com ar idêntico às cabras que se passeiam ali pela associação. Disse-lhes que o mafarrico estava a precisar de um bom implante de centímetros no seu caralho, que aquilo não era merda digna de um gajo tão importante; uma das cabras ficou mesmo histérica, a prova de que a verguei, grande puta, fodi-a finalmente. Saí de lá com um sorriso na boca, o que vem mesmo a calhar, já que estou quase a chegar ao pavilhão da AAMPP e aquilo é para ver com boa-disposição. Esta merda está a abarrotar de gente, é sempre este reboliço, a AAMPP é uma enchente permanente; mesmo assim, fui esperto em ter guardado o assunto para estas horas da noite, dado que os atrasados já estão cansados e, daí, embora produzindo menos espectáculo, também atraem menos curiosos, menos sovacos para inalar e pegadas de patas imundas nas minhas timberland tamanho 42. Esqueci-me de referir, para quem não saiba, que a AAMPP é a associação de atrasados mentais profundos de Portugal, um show de primeira! A piada da coisa é que nada daquilo é encenado ou coreografado, é tudo absolutamente natural e espontâneo, é de um gajo mijar-se de tanto rir. Tenho por tradição encher o papo com um saco de pipocas enquanto assisto às performances do pessoal da associação e é mesmo isso que faço, abasteço-me de umas de cor vermelha, saco transparente, mesmo numa de pôr todos aqueles trastes a espumarem-se da boca. Não há muito para dizer sobre o stand, não passam de uma corja de chulos a encher o bolso à custa dos atrasados, basicamente mulherio dos 40 aos 60 de aspecto pardacento, coisa para fazer hibernar o caralho de um gajo durante 200 anos. O que é porreiro em tudo isto é que os putos têm mesmo muita graça e não são poucos os adultos atrasados que lhes ficam atrás. Só me aborrece que a maralha ria por tudo e por nada, não deixam ouvir o que o sai da boca dos atrasados, tenho até alguma dificuldade em ouvir os urros. Gosto de dar uma espreitadela nisto, tem o seu je ne sais quois; mas não perco muito tempo, é sempre só enquanto duram as pipocas. (ah, é verdade: não consegui pôr nenhum atrasado a espumar da boca mas deixei um bastante confuso, uma cena estranha que o impelia simultaneamente para longe e para perto de mim, uns estranhos movimentos pendulares sem sair do mesmo sítio e sem despregar os olhos das minhas pipocas, mesmo coisa de atrasado mental profundo, provoquei-o bem ehehe). Há merdas que não lembram nem ao diabo, faz-me muita confusão que haja associações tão aborrecidas quando o associativismo é suposto ser uma cena fixe. Há muitos pavilhões às moscas, pessoal que não sabe dinamizar as suas associações, produtores de tudo e mais alguma coisa, até de requeijão da serra da estrela que só têm requeijão e ares soturnos para oferecer, vejam bem; há por aqui associações de feministas frustradas por não andarem abastecidas das pichas que desdenham, associações de ecologistas sempre com aquele histerismo do vamos salvar os animaizinhos e o planeta, enfim, muita gente chata que não dá um centímetro de tusa. Para cúmulo, ainda tive que me confrontar com a AAFP, a associação das agências funerárias de Portugal, quiseram-me impingir a merda de um caixão, o filho da puta do abutre teve a muito pouco de levar um soco no focinho. Enfim… ala adiante, para territórios mais iluminados, putas e assuntos estimulantes. Ora nem mais, uma cena que merece sempre uns minutinhos, a APBP, a associação do peido e da bufa de Portugal, uma coisa única em toda a Europa, só nós é que temos uma assim. O pessoal é bastante criativo e já se vai vendo o grelinho a aparecer, ano após ano, isto tá a melhorar. O esquema é muito simples: os associados que estão pelo pavilhão, sentados às mesas na conversa uns com os outros, dão umas garfadas aqui e umas colheradas ali numa espécie de jantarada permanente. Quando em alguém desperta a possibilidade de fazer sair peido… levanta-se, dirige-se para o microfone e dá o seu melhor, é só isso. É engraçado que quando alguém vai ao micro, instala-se no pavilhão (e mesmo na populaça que assiste) um silêncio sepulcral, é muito mal visto fazer-se barulho nessas circunstâncias (aprecio esse respeito, por acaso). Tanto que, muitas vezes, não se trata de peido mas sim de bufa, e não é fácil ouvir um bom suspiro do olho dum cu; se assim é, o executante diz: “sai bufa”; e logo há um conjunto de três pessoas, um júri, que se aproximam do indivíduo, que ficam por ali um pouco a analisar a coisa e, em simultâneo, levantam uma cartolina com um valor entre 0 e 10, sendo que 0 consiste numa bufa que não passou da ameaça. Já vi umas cabras jeitosas a participar, nomeadamente na modalidade das bufas, já vi mesmo umas boas classificações (é aquela merda da emancipação das putas). Não é o cenário de hoje, isto tá fraquinho e já não posso mais com as gargalhadas da assistência (na sua perpétua imbecilidade, nunca permitem que um gajo aprecie um peido até à última molécula, riem-se sempre no apogeu da intensidade; cambada de babuínos, não têm finesse nenhuma). Já tive para me inscrever nesta merda, só pela piada; estou certo que ia direitinho para a primeira divisão (sei dar um bom peido, não se iludam). Todos os anos, digo: “fica para o próximo ano”; e assim é, mais uma vez.